Eu tive medo. De não ser o suficiente, de não estar pronto de não dar conta. Porque você é um furacão e bagunça tudo por onde passa. Me virou do avesso, subverteu a minha lógica e alterou a minha linha de raciocínio. Até hoje estou tentando reorganizar minha vida pós você.

Virei um ser solitário, incapaz de me envolver. A comida é sem sal, o trabalho não tem graça e não encontro nada que me distraia. Sua ausência me faz companhia e só com ela fico à vontade. Vez ou outra satisfaço as vontades da carne, mas nem isso me dá prazer.

Pensei em te procurar, muitas vezes. Mas eu tive medo. Do mal que havia lhe causado, do seu coração amargurado e das suas perguntas, que exigiriam muito de mim. Não saberia o que lhe dizer, como justificar meu descompasso, as promessas que não cumpri e a leviandade com a qual te amei.

Desapareci e sufoquei, o quanto pude, tudo que me lembrava de você. Deixei que pensasse o pior de mim. Te pus pra fora, não te pedi pra ficar. Morri por dentro, mas segui firme, empurrado pelo medo de amar você.

Aprendi a sobreviver assim: sem expectativas, sem laços e qualquer rastro. Me mantive longe das suas terras, me esquivei dos encontros e reduzi as chances do inesperado.

Preferi o cimento da solidão e segui com os olhos repletos de desexpectativas, inundados da sua ausência nos meus dias, apesar de nunca ter admitido a falta que você me faz.

Me tornei um espectro, uma sombra. Tudo por medo, medo de te amar. Por isso, não olhe para trás, não me veja, não me enxergue. Porque o resto de mim é medo e eu não quero ter só isso a lhe oferecer.

 

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