Reaprender

090718-Reaprender

Vi meu mundo ruir, minhas certezas escaparem por entre os dedos e meu coração sangrou. Me embriaguei de tristeza, dor e decepção. Foram madrugadas frias, noites perambulando pela casa vazia, mergulhando fundo na solidão que você me deixou como companhia.

A vida passou violenta nos últimos meses. Foram muitos golpes. Passei pelo fim sozinha, em meio às lembranças, saudades, carências. Entendi que estive sozinha durante muito tempo e não tinha me dado conta.

Esperei que você voltasse, esperei que o dia raiasse, esperei, mas nada aconteceu. Meus cacos continuaram espalhados por todos os cantos, desfeita em mil pedaços, refleti os restos de nós dois. Seu abandono está me forçando a ver a vida por um outro ângulo. Estou de ponta a cabeça e, do avesso, vou achando meu lado certo.

Entendi que nem sempre nos despedimos como queremos e, ainda que continuasse procurando razões, a vida ficou confusa, aleatória e seguir é a minha única opção. Num gole de coragem, encaixotei nossas melhores lembranças, os nossos grandes momentos e joguei fora todo o mal que você me fez.

Doeu, aqui no centro da alma, deixar o que já não erámos, e partir, partir sem destino certo. Abandonar nossa história, ainda que em ruínas, foi como abandonar o melhor de mim. Às vezes ainda dói e eu me sinto perdida, mas como naquela música, talvez seja esse o meu melhor caminho.

Mas eu preciso acreditar que a minha vida ficará melhor enquanto eu me movo e que vou crescer nesse processo… E talvez eu seja ainda uma menina com uma porção de sonhos e outro punhado de ideais.

Talvez ainda exista alguma inocência, um fiapo de fé e alguns sorrisos guardados nos bolsos. Talvez eu ainda tenha muito que viver, muito o que ser. Fluir é, também, deixar partir. Vou me libertar dessa tristeza, mudar as energias, confiar mais no futuro do que no passado.

É hora de fechar este ciclo e recomeçar, de um jeito diferente.  Porque eu começo a acreditar que tudo começa depois do nosso fim.

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