Contra todas probabilidades, ela acredita. Acredita que há um amor sem aspereza, pra viver todos os dias. Daqueles férteis, tarados famintos, de tempestade e calmaria. De pés descalços, despretensioso. Um amor de beijar de olhos abertos, de amassar, de aproveitar cada instante sem reservas ou medo.

Contra todas probabilidades, ela acredita. Ela acredita em um amor de mãos dadas, almas emaranhadas, cheio de subentendidos e gargalhadas, em um amor de secar lágrimas, fazer o sol nascer e colorir os dias. Um amor de braços abertos, verdades sinceras e coragem para deixar-se ser amado.

Contra todas as probabilidades, ela acredita. Acredita em um amor de se entregar, de mergulhar fundo, como se fosse o mar. De ir até as profundezas e amar em todas e cada uma de suas formas, sem qualquer disfarce, em cada uma de suas nuances. Um amor pulsante, de uma cumplicidade irrepetível que faça o ar mais doce, mais calmo e seguro.

Contra todas as probabilidades, ela acredita. Acredita em um amor daqueles que chegam sem aviso, vão se fazendo de improviso e invertem toda a lógica, derrubam barreiras, delimitam novas fronteiras, fazem sonhar, impregnam a alma, deixam marcas pelo corpo e o cabelo em desalinho.

Contra todas as probabilidades, ela acredita. Acredita em um amor de parar o tempo e se infinitar, daqueles de flores, declarações, pôr do sol e corpos enroscados. Acredita em contos de fadas, na felicidade dos recomeços e na plenitude do sentir. Um amor de partilhar a invenção do mundo e deitar os ponteiros pra brincar de infinito.

Contra todas as probabilidades, ela acredita. Acredita em um amor pra luz do dia, sob as estrelas, numa saída expressa e gentil em cada um dos seus detalhes. Num amor de enfiar os pés na lama e ganhar o céu, um amor pras noites vadias. Um amor que reinventa tudo aquilo que ela foi, que ela é e que será.

Ela acredita no amor que chega, invade e fica, contra todas as probabilidades.