Inesperado

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Quando você chegou, eu duvidei da sorte. Busquei desculpas, pedras no sapato, sujeira debaixo do seu tapete. Procurei o controverso das suas palavras e a mentira nos seus olhos. Você me estendeu a sua verdade e, de mãos limpas, me convidou para desbravar o desconhecido desta nova chance. Sua e minha, eu entendi depois.

Te apresentei meu mundo e a minha confusão de sentimentos, esperei sua fuga. Mas você ficou. Suspenso, sereno. Mesmo na noite em que eu titubeei, mesmo diante das minhas marcas e do meu choro, você ficou e fez amanhecer. Ali, naquele instante, brotou qualquer coisa em mim que me fez sorrir, que me fez acreditar e sonhar. Você ficou e não me prometeu universos, nem galáxias ou infinitos particulares. Não me prometeu nada além da verdade transbordante dos seus olhos e presente em todos os seus gestos, mesmo que eu duvidasse.

Aos poucos, te falei dos meus traumas, das minhas cicatrizes e do meu medo. Você me falou da sua imperfeição, dos seus defeitos e do seu medo, tão meus. Conheci suas cicatrizes e achei que elas combinavam com as minhas. Seus olhos, quase verdes, me convidaram para um mergulho e eu já não tinha razões para dizer que não. Experimentei completude, cumplicidade. Me deixei ser cuidada e me desfiz nos seus cafunés, me encaixei no seu abraço e me senti segura, ainda que flutuando no desconhecido de nós dois.

Entre o seu tropeço e a minha desilusão, nos amamos. Mesmo antes de saber que era amor, nos amamos.  Sem nome, sem endereço e nem promessas. Apenas sentimento, ultrapassando definições, resinificando toda a existência. Instintivamente, nos amamos. Os amanhãs vieram, as histórias se sucederam, os caminhos se entrelaçaram. Reexisti.

O futuro nos acena, mesmo diante do caos de nós mesmos. Vou mudando a direção dos meus passos e seguindo por essa nova estrada. Suas mãos seguram as minhas e vamos trilhando um novo caminho. Pode ser que a gente se perca, pode ser que não. Mas algo em mim mudou. Nunca mais duvidei da minha sorte. Você me devolveu o melhor de mim.

 

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