Seus olhos nos meus, pela primeira vez. Seu mundo se apresentando ao meu. Invadindo meu íntimo, bagunçando minhas certezas e fazendo morada em mim. Sem pudor ou pecado, despiram-me e me enxergaram pelo avesso, revelando meu lado mais certo.
Algo nos seus olhos pareciam ser o que eu procurava e temia encontrar. Paz e caos num só tempo… Olhos escritos com lágrimas e sorrisos ainda não lidos ou decifrados. Apertavam-se em sorrisos e, sorrateiros, refletiam mistérios.
Havia sonho, vida, sorriso e alguma dor naqueles olhos que, sabendo onde estavam, constataram estar perdidos em terra de ninguém. Fui tragada pelos seus olhos e enxerguei uma de mim que eu ainda podia existir. Quis ser.
Deixe-me ser levada pela profundidade dos seus olhos e saltei fundo nas suas pupilas, que se dilataram para receber minha vida. Buscando seus segredos, descobri-me na sua retina e fui me deixando ficar. Mergulhando no seu castanho, encontrei-me. Fiz morada e fui feliz.