Sou feita de contradições. Imponho minhas regras pra depois romper. Não comporto limites e gosto de cruzar fronteiras, confundir meus rumos. Alguma coisa me inquieta e eu quero improváveis e impossíveis. Só funciono assim e vivo dando defeito.
Falo, logo penso e não existo. Transcendo o ser, porque já era sentimento antes mesmo da criação. Assumo minha carne, minha matéria, mas me reconheço é n’alma, no espirito livre que busca aflitivo respostas sobre o universo.
Sou meio bicho, meio homem. Totalmente amor, além do caos do mundo. Amo com cada poro do meu corpo e transpiro vida. Tanto e tanta que chega a doer. Aí, transbordo pelos olhos as intemperanças do querer. É que em mim excede o que falta em você.
Sou uma poça rasa em minhas verdades sem fundo. Aviso: é perigoso mergulhar no meu ser. Você pode acabar se afogando em mim. Nas profundezas restam ruínas da minha Atlântida particular. Um império abundante e fasto, de localização relativa, destruído por um vulcão ativo em tempos ancestrais.
Sou desastrada, falo pelos cotovelos. Prefiro pecar pelo excesso. Às vezes me falta prudência. Como consequência, cicatrizes aqui e ali, onde ninguém vê e só eu sinto. Não sinto por isso, me permito fluir, evoluir e, quiçá, retroceder ao estado primitivo do instinto. Não sei viver aos pouquinhos, afinal.