Ela andava distraída. Ele procurava uma direção. Ela tropeçou. Ele riu sem jeito. Ela notou os olhinhos apertados. Ele, os seios no decote. Ela se apaixonou. Ele desejou seu corpo. Ela quis lhe entregar a alma. Ele apertou o corpo contra o dela.

Ela não se intimidou. Ele arriscou mais um passo, mesmo falso. Ela lhe ofereceu a alma. Ele titubeou. Ela fez que não percebeu. Ele pensou no desejo próprio. Ela acreditou no destino. Ele, na casualidade. Encontraram-se.

 Ela queria estrelas. Ele, o gozo rápido. Ela queria o sono. Ele, partir. Ela, conchinha. Ele se vestiu. Ela sonha sonhos grandes. Ele abriu a porta. Ela sonhava ingênua. Ele encantou-se. Ela ainda sonhava. Ele foi traído pelo desejo. Ela despertou-se. Ele ainda estava lá. Ela olhou para o infinito. Ele, para o chão. Ela quis pra sempre. Ele vai negá-la. Para ela, amor. Para ele, um caso. Despediram-se.

 

Ela diz que ama. Ele não sabe como usar as palavras. Ela insiste que ama. Ele diz que ela vai cansar de brincar de paixão. Ela diz que não pode prever o futuro, mas quer arriscar o presente. Ele é tão menino. Ela não quer matar. Ele prefere deixar morrer. Ela deixa fluir. Ele tentar conter. Ela é borboleta. Ele, vento. Ela lhe oferece toda a vida. Ele acha muito. Ela fica do lado de fora. Ele trancou a porta. Ela não tem escolha.

 

Ela não sabe o que fazer com a liberdade. Ele inventou seu próprio cárcere. Ela cria asas. Ele, âncoras. Ela segue pelo sul. Ele quer um norte. Reencontram-se no eixo central, em um dia pedido no arco do tempo.

 

Ela pediu mais. Ele sucumbiu ao desejo. Ela pensou na imensidão do mar. Ele não sabe nadar. Ela queria estar mais perto. Ele insistiu na distância. Ela pede mais um tempo. Ele cede. Ela olha nos olhos. Ele desvia o olhar. Ela lembra os risos. Ele prevê as lágrimas. Ela diz que a vida pode ser doce. Ele é amargo. Ela acredita que pode ser feliz. Ele nem tenta. Ela tem fé. Ele tem medo. Divergem.

 

Ela tem medo. Ele inventa a fé. Ela acha que o importante é o fim. Ele quer justificar os meios. Ela não quer ouvir. Ele não quer se justificar. Ela insiste ainda mais. Ele diz que ela lhe tira do sério e isso ele não pode permitir. Ela diz que há uma chance. Ele não percebe a sorte. Ela duvida do azar. Ele acha a felicidade uma ilusão. Ela o ama mais ainda na saída. Ele foge. Ela tem o peito transbordando. Ele, vazio do que não deixa entrar. Ela acredita nele. Ele não. Desencontram-se.

 

Ela fala. Ele se cala. Ela grita. Ele se cala. Ela berra. Ele se cala. Ela suplica. Ele não abala suas verdades. Ela anuncia a partida. Ele se cala. Ela quer que ele peça que ela fique. Ele se cala. Ela morre. Ele se cala, mais uma vez covarde. Ela se põe na estrada rumo ao infinito que ele não quis. Ele construiu sua solidão. Ela reinventou seu mundo. Ele não sabe o que fazer. Ela foi pra longe e encontrou uma nova possibilidade de ser feliz e foi.

 

Ele chorou. Ela não viu. Ele a amou… Já era tarde.

2 comentários sobre “Crônica do Desencontro

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