Na noite em que te conheci, eu sabia. Sabia fisicamente, assim com o coração despertando manso, saindo da inércia de desilusão para a felicidade. Sabia assim, sem sexto sentido, pela pele, pelo contato, pela despretensão.

Na noite em que te conheci, disse, meio sem voz, que talvez não fosse mais preciso ser infeliz. Você me abraçou pela primeira vez: suor, calor, desejo, vida nova germinando. Você me abraçou e me manteve imóvel naquele abraço forte. Ouvi seu coração e ele parecia meu.

Na noite em que te conheci, eu não entendi, mas era a vida seguindo o fluxo, fluindo. O destino se cumprindo e a sorte sorrindo pra mim.

No dia que raiou, eu enxerguei a simplicidade que havia sonhado. Enxerguei o amor na sua pureza, na sua limpidez.

No dia em que raiou, vislumbrei uma vida nova, inaugurada ao seu lado. Vislumbrei manhãs preguiçosas, o dormir de conchinha, o fardo do passado – nosso – compartilhado com os olhos.

Na noite em que te conheci, temi secretamente o resgate que você me propôs de mim mesma. Temi a paixão, e temi que fosse mais uma escolha errada. Mas, no dia que raiou, todo medo se evaporou e novamente estava no marco zero, pronta para recomeçar.

Na noite em que te conheci, no dia que raiou, no meio do caminho, a vida começou com gosto de primeira vez. Era o amor, dando as caras sorrateiramente, sem nenhum aviso.

 

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