Foi grande, na sua brevitude. Infinito até o fim. Efêmero, ainda que para sempre. Ar puro, terra molhada e pedaço do céu. Paraíso perdido, esconderijo e porto seguro, até que nem tanto.
Tempestade, chuva ácida, ventania e imensidão. Fez-se vãos, feridas. Partidas e solidões. Foi-se no tempo e fincou lembranças. Entre os entulhos e cacos, ficam os restos e as falhas. As incapacidades e tudo que poderia ser, mas não foi.
Formou cicatriz na pele e costuras na alma, como se rasuras da vida. Mas não se deve lamentar o impossível. O improvável, a margem da dúvida, vontades perdidas e manhãs que nunca chegam. Não se deve lamentar.
Num vento que vira violência, pode-se, sem aviso, romper a barreira malfeita de mágoas e amarguras sobrepostas pelos silêncios covardes que tem muito a dizer, mas, também muito a perder. São porções de incompletudes, retalhos, desculpas e culpas. Nem uma migalha de coragem.
No fim, agarram-se a crença de que há portas que devem seguir fechadas, guardando o que não foi, enquanto seguem tentando acreditar que não poderia mesmo ser.