E então você me diz que não veio pra ficar. Impõe essa distância intransponível e avisa que vai pra onde eu não posso te alcançar. Diante da minha incredulidade repete, agora com a voz firme, que não veio pra ficar. Que prefere seguir mantendo as portas fechadas e as vidas inalteradas.
Entre a fé o desespero, eu me enrosco em suas pernas , tento balançar suas ideias, desorganizar sua vida, mudar seu rumo. Dou com a cara em sua muralha e fico a margem de você. E eu quero saber porquê. Você divaga, fala muito e não diz nada.
É sua razão, não a voz do coração. Mente que eu sou especial e afirma que tudo é culpa do peito vazio do que não deixa entrar. Diz que sou um peso, o contraponto da razão e que a vida ao meu lado é um risco que não pode correr.
E eu que nunca aceito o seu não, te pergunto o que faço com tudo isso de nós dois que ainda existe, com tudo isso de mim que quer ser seu. Você minimiza, ironiza e diz que vai viver sem mim e que vou me adaptar a vida pós nós dois. Tenta me convencer que não saberia me fazer feliz, que mereço mais e eu quase rio, se não estivesse a uma respiração de me afogar.
Fala que preciso te odiar, assume culpas que não são suas, desmente nossa história e tenta me convencer que a felicidade é uma ilusão. Faz o tipo cafajeste, mas não me olha nos olhos. Rebato com os lugares que visitamos, te lembro de cada momento que eternizamos, as músicas que compuseram nossa trilha sonora, os risos e as conversas com as quais varamos as madrugadas.
Te conto nossa história, falo da nossa sorte e seus olhos desacreditam. Sua boca me desmente e seus sinais me confundem. Nada te convence, nada te atinge e você me nega, mas diz que vai seguir me querendo bem, além. Longe dos olhos, perto do coração, assim bem clichê.
Perco a fé. Suas palavras rasas me atravessam como uma flecha e eu te deixo partir. Nada do que eu diga muda os fatos, você disse que não tinha vindo pra ficar.