A vida cala por instantes e escorre no silêncio do tempo. Sinto o cansaço ganhar meu corpo e não quero mais tentar te convencer. Meus lábios estão fartos de calar beijos e meus ouvidos não querem mais ouvir suas covardias. Meus pés estão exaustos de esperar sua estrada e eu não quero mais negar a nossa verdade.
Deixo os olhos transbordarem o que que me rasga por dentro. Sua ausência e do seu abandono. Dá medo, claro. E dói. E tento pensar se há um jeito de eu estar enganada, totalmente enganada e não saber que nada mudou. Ainda somos os mesmos e não nos conhecemos agora. Há uma vida entre nós. Bem no meio de nós.
E eu quis me enganar porque era bom errar com você, viver essa mentira e acreditar que, um dia, poderiam não ser só palavras e você seria atitude e chegada. Era bom viver na ilusão de que me resgataria para o nosso felizes para sempre. Mas, as vezes cansa e seu sigo a deriva, perdida de você. Já não me acho mais.
Agora, agora que tudo se repete e vem à tona, eu queria não saber dessa verdade que busquei tanto, porque dilacera a possibilidade de nós dois. Eu queria não saber, queria que tivesse um jeito, mas não tem. A gente já viveu isso antes e tudo é de novo e sempre igual. E não tem graça nenhuma. Termina se forma abrupta, sem qualquer sinal. Na insuficiência de você e no excesso de mim, em cacos por ai.
Porque eu antecipo o que vai ser, prevejo seu silêncio seguido de desculpas e o seu olhar, me rendendo mais uma vez. Poderia parar aí, mas antecipo o que vai ser, onde vamos nos perder e que você nunca vai voltar… Suas doses são letais. Antecipo o que vai ser ou confundo o que já foi, tanto faz. Nada se refaz. Eu vivo todo o antes e dói agora, na frequência do seu silêncio ensurdecedor.