A vida cala por instantes e escorre no silêncio do tempo. Sinto o cansaço ganhar meu corpo e não quero mais tentar te convencer. Meus lábios estão fartos de calar beijos e meus ouvidos não querem mais ouvir suas covardias. Meus pés estão exaustos de esperar sua estrada e eu não quero mais negar a nossa verdade. Continuar lendo “Insuficiência”
Tag: Crônicas Cotidianas
Eternizar
Um homem que veio do mar e trouxe novas notícias de mim, redefiniu meu ser. Me ofereceu seu pedaço de mundo e eu lhe ofereci minhas terras. Conheci a felicidade despretensiosa de dar e receber, sem pedir nada em troca. Continuar lendo “Eternizar”
Recortes no tempo
Já não se lembrava de como havia sido, não exatamente. Nada tinha sido esquecido, é verdade. Na contradição aparente, tudo se explicava. O passado, visto agora, parecia ter sido reinventado para que a lembrança fosse mais favorável. Decantava as dores, mas não evaporava o essencial. Continuar lendo “Recortes no tempo”
Ali
Ainda que muito tempo já tivesse se passado, ela ainda sentia aquele olhar dentro dela, visitando um lugar que ninguém mais viu ou soube. Ali, do lado esquerdo do peito, onde ela não deixava mais ninguém entrar. Por trás do abandono aparente, um oásis no deserto. Continuar lendo “Ali”
Um sopro de coragem
Naquele dia, revirando a gaveta de papéis encontrou um pequeno pedaço dela. Perdido para sempre. E tudo que ele tentou evitar estava ali, naquele pequeno pedaço dela. Com aquele sorriso, muitas palavras e um grande decote. O espaço se completou do seu cheiro, daquela luz, daquele sonho. As lembranças pesaram o coração, há tanto inabalável. Continuar lendo “Um sopro de coragem”
Do intangível
Na antítese de ficar ou partir, ser ou esquecer. Os tropeços e acertos não aliviam o peso da alma, a leviandade do adeus. A verdade é o alvo e eu sou a flecha. Sou meu mapa e minha bússola, o passado e o futuro. Uma vida, no fim, é feita de despedidas. Chegadas e partidas, infinitos entremeios.
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Louca
Enlouqueceu. Entre o silêncio e o medo. Entre as entrelinhas tortas e os passos trôpegos, enlouqueceu. Entre os vazios do dia e as noites insones. Entre a lágrima e o riso, vestígios e resquícios de uma vida pendente, enlouqueceu.
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Fênix
Havia se prendido tanto tempo à ilusão, que nem percebeu quando a realidade se apresentou. Descobriu haver vida nova, dentro e fora. E, na manhã que raiava, entendeu que, talvez, fosse aquela uma boa hora para se despedir do seu passado, daquilo que lhe pesou o peito e lhe feriu a alma. Sem lágrimas nos olhos, mas sorrindo o amanhã. Continuar lendo “Fênix”