Na antítese de ficar ou partir, ser ou esquecer. Os tropeços e acertos não aliviam o peso da alma, a leviandade do adeus. A verdade é o alvo e eu sou a flecha. Sou meu mapa e minha bússola, o passado e o futuro. Uma vida, no fim, é feita de despedidas. Chegadas e partidas, infinitos entremeios.
Num delírio otimista me coloquei na estrada, inventei de querer mudar o meu destino. Era fome, sede e vontade de correr. Era o inevitável me puxando pelas mãos e eu não pude evita-lo. Deixei saudades e o inexorável amor. Chorei a dor de não poder.
Não esperei amanhecer. Alguns segredos se guardam melhor no escuro e há verdades que não se pode conter. Me pus na estrada, com pés cansados e o desejo de voar. Fechei os olhos, blindei o corpo e me pari de novo. Deixei viver…
E, a mesma lágrima que pesou a tristeza da partida, fez brotar desejo, esperança e coragem. Uma mistura de sal e pele, sonho e vida molhando o rosto que, sempre vai buscar o caminho para sorrir e achar que os obstáculos escondem os melhores propósitos.
Encarei o novo de peito aberto e alma desconfiada. Avistei novos mundos, provei novos gostos, outros corpos e catei meus cacos. Carimbei o passaporte, fui deportada, extraviada. Dei volta ao mundo. Perdi-me por ai ao sabor do vento, inventei novos tempos.
Entre as várias estações, desvios de rotas e atalhos, tomei um novo rumo, acabei aqui. No meio do caminho, sempre indo. Tudo é verdade, tudo é sem fim. Ontem e hoje num só tempo, agora, sobreposto em mim. Meus medos, planos, inseguranças, saudades, muitas, sempre. Do azul distante, do inexorável, de tudo o que vi e vivi.
Nessa inconstância, entre o asfalto e o céu, o meu desejo é o além, o intangível e eu me estico para alcançar a ilusão. É preciso crescer. Em todas as dimensões, tomar como limite a visão do inatingível. Assim, quem sabe, chegar até as estrelas.