Ainda que muito tempo já tivesse se passado, ela ainda sentia aquele olhar dentro dela, visitando um lugar que ninguém mais viu ou soube. Ali, do lado esquerdo do peito, onde ela não deixava mais ninguém entrar. Por trás do abandono aparente, um oásis no deserto.
Naquele lugar, ostentava um sorriso que não doía e reencontrava a sua face mais exata, sua verdade mais inteira. Podia ser excesso, metade sempre cheia a transbordar todo seu desejo, todas suas vontades. Ali, ao som daquela música, no ritmo daquele tempo, estavam dias de felicidade furtiva e ela, vez ou outra, banhava-se no mar saudade, afogando-se em esperanças.
Olhava pra dentro dela, escavando lembranças e desenterrando alguma dor. Entre as sobras e os restos, satisfazia-se com os pequenos achados. Um sorriso amarelo, um fusca azul, uma garrafa de vinho, um final de tarde no arpoador ou no mirante do Leblon. Muitos fragmentos, sonhos não vividos, nunca esquecidos. Afundava-se nas lembranças, aceitando a natureza daquele amor areia movediça.
Ali, perdido no seu íntimo e incólume no tempo, o olhar daquele homem seguia guardado e a fazia solar. Era a luz que vinha de dentro. Farol em noite de tempestade que lhe impedia naufragar. Aquele pequeno pedaço de paraíso e de promessas, havia seguido, depois de tanto tempo, dentro dela e, vez ou outra ela ia lhe visitar.
Encontrava sua paz, um pequeno espaço para amar. Naquele lugar estava tudo que ela não sabia conter e precisava esconder. Guardado a sete chaves, embrulhado pra viagem. Ali, deitado no infinito, num canto bem escondido, repousava um amor que, de tão grande, era impossível de abandonar. Assim, ali, ia deixando ele ficar…
Curioso.
Estou em Bh a trabalho esta semana, mas sou paulistano e residente em SP.
Prefiro sentar no corredor =p
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Aproveite muito meu Belo Horizonte!!
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