Quase verdes

290718-Quase verdes

Não quero estar em nenhum outro lugar além deste, ao seu lado, desfrutando o tempo em uma entrega absoluta, sem considerar a iminente finitude de nós dois. Porque eu vibro, por dentro e por fora a cada toque. E, quanto mais eu vivo, mais eu fico viva. Na simplicidade do acaso, sem querer, eu quero você, por inteiro, em cada um dos seus detalhes e nos seus olhos quase verdes.

Permito-me esquecer das circunstâncias, os destinos bifurcados e as diferenças irreconciliáveis para experimentar as possibilidades, ainda que sejam elas um desejo secreto e improvável de um futuro que não existirá. Permito-me embriagar-me de vinho e das vontades com meus pés tortos, com tudo o que me resta e que me transborda, um pouco mais, todos os dias.

Quero essa história de outras formas, de outros jeitos, com outro enredo. As noites, as madrugadas ilícitas e as manhãs preguiçosas. Quero o peso do corpo, a leveza da alma, o calor das mãos, a umidade dos beijos, o gozo e as verdades das palavras que não precisam ser ditas no implícito de nós dois. Nada se desvenda. Tudo é secreto e não quero respostas além da certeza do que sinto.

Sinto, para além da lógica ou do tempo, num começo que não se faz e que reinventa tudo aquilo que fui, que sou e que serei, tatuando a memória e os sentidos, fazendo o ar mais doce, mais calmo e seguro.  Quero o futuro que não ousamos planejar, quero agora e quero ontem, aproveitando cada instante sem me entristecer, sem reservas ou medo, sem querer estar em nenhum outro lugar além deste, ao lado seu.

 

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