Passeio por dentro e por fora de mim, entro e saio do meu mapa e me acho de formas variadas e profundas. Transbordo por todos os poros, por todos os lados e me perco nos labirintos infindáveis de mim.
Comporto contradições e meu destino flui na contramão. Não tenho sossego, tenho ardor. Minha bússola aponta por caminhos que se trifurcam, quadrifurcam e eu sigo por todos eles porque sou fluída, líquida e instável. Incansável.
Há em mim uma força insuspeita que não se abala diante da brutalidade na vida. Não me poupo, não minto e não me arrependo porque sou feita de gente, de doses cavalares de desejo, esperanças e subentendidos. De prazer, de pele osso e alta voltagem.
Entre abismos e promessas que se foram, há pedaços espalhados, perdidos para sempre e há espaços intactos, intangíveis e famintos. Há cicatrizes, grito, vento e imperfeição, tempestade e calmaria. Há carências insolúveis, silêncios insuperáveis. Há movimento e transformação. O erro não me paralisa, nem o medo.
Para além das coisas, não quero perder meu tempo com grandes quantias ou aquisições e não negocio sentimento. O que me pertence nasce e morre comigo e todo o resto não me interessa. Não me encarcero, não me rotulo e não me guardo pra depois.
Sou mais de dentro pra fora, perdida em mim é onde me encontro. Sou meu inferno e minha paz. Quero me descascar até a fratura exposta d’alma, me revelar em nuances descuidadas, pistas inusitadas e passos trôpegos.
Não vim ao mundo embalada a vácuo. Me gasto e não me acabo. Há muitas formas dentro de mim e eu quero viver todas elas, até o limite. Eu acredito em profundidades, encaro meus abismos e pago o preço. E não cogito nenhuma outra alternativa senão ser feliz. Sou urgente, feita de muitos ontens, mas sou para agora e não tenho pressa de chegar ao fim. Não tenho âncora, tenho asas e escolho viver o hoje, que é tudo que tenho.