Não, eu não sei. Eu não te sei, não mais. Não sei quanto de mim ainda tem contigo ou o quanto minha falta te machuca. Não sei das suas noites em claro, dos seus dias no escuro, da sua vida sem graça e sem mim. Não sei se mudou de time ou de convicções.
Não, eu não sei. Não sei se guarda minha foto, se relê minhas linhas, se passeia no nosso passado, se espia pelas frestas. Não sei se tem mais uma carta na manga ou se meu corpo ainda se encaixa no seu. Não sei se seus cinco sentidos seguem aguçados à espera dos meus.
Não, eu não sei. Não sei o que tem feito, como tem se distraído e se tem malhado. Não sei se sua alma ainda cheira a pimentão e se você masca chiclete sabor canela. Não sei vai à praia aos domingos ou se prefere caminhar naquela Quinta. Não, eu não sei. Não sei dos seus amigos e, da sua família, nunca soube.
Não, eu não sei. Não sei o básico. Não sei onde mora, se mudou de endereço. Não sei dos seus pequenos gestos, do seu olhar doce e se ainda sabe fazer rir. Não sei dos seus sonhos, das suas conquistas. Não sei se seu copo continua meio vazio e se você me servirá mais uma dose.
Não, eu não sei. Não sei os filmes que tem visto, os livros que lê ou os programas que assiste. Não sei se estou nos seus sonhos ou na sua estante de colecionáveis. Não sei como mata sua fome e se conserva os mesmos gostos e o mesmo vício por chocolate. Não sei dos seus passos, dos lugares que frequenta ou das palavras que diz, menos ainda daquelas que guarda nas garrafas.
Não eu não sei. Não sei dos seus porquês e das vírgulas. Não sei nada além do seu silêncio e da sua falta. Mas ainda te sinto, muito. Um tanto e sempre, nas minhas camadas mais profundas. Te sinto aqui, em mim. Patrimônio indispensável daquilo que sou, que sonho e daquilo que ainda vamos ser. E isso é tudo o que é preciso saber: seu infinito está marcado em mim.