Garimpo as memórias perdidas no tempo e encontro seu olhar, suas mãos, sua pele imprecisa, seu ser indefinido e um tanto de nós dois. Da nossa desmesura, da nossa amplidão e esbarro num tanto de solidão.  

Vou enchendo a casa com seu vulto, suas palavras, seu sorriso, sua boca, seus gestos, seus restos, seus últimos vestígios. Tudo que sentimos, pensamentos, experimentamos, vivemos e, quiçá, cogitamos.

Lembro daquela de fui, que eu era, que viveu aquela vida que pensava ser possível e que um dia foi. De quando tínhamos coragem de encontrar sem medo de nos perder. A casa dói pelas paredes e eu me encolho pelos cantos.

As lembranças estão por toda parte e aqui, no centro de mim. De repente, falta espaço. Sua ausência preenche tudo, se espalha pelos móveis, se infiltra em minhas frestas, deita em minha cama, se enrosca em meus lençóis e não me deixa dormir.

 

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