Na antítese de ficar ou partir, ser ou esquecer. Os tropeços e acertos não aliviam o peso da alma, a leviandade do adeus. A verdade é o alvo e eu sou a flecha. Sou meu mapa e minha bússola, o passado e o futuro. Uma vida, no fim, é feita de despedidas. Chegadas e partidas, infinitos entremeios.
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Categoria: Crônicas Cotidianas
Dos restos e recomeços
Limpou gavetas, arquivos mortos, cheiros e saudades. Abriu as janelas e deixou a luz entrar por todas frestas, dissolvendo todos os restos de escuridão. Veio também o vento, bagunçando tudo ao seu redor. As folhas, livres, voaram feito pássaros. A poesia ganhou o ar…
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Louca
Enlouqueceu. Entre o silêncio e o medo. Entre as entrelinhas tortas e os passos trôpegos, enlouqueceu. Entre os vazios do dia e as noites insones. Entre a lágrima e o riso, vestígios e resquícios de uma vida pendente, enlouqueceu.
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Fênix
Havia se prendido tanto tempo à ilusão, que nem percebeu quando a realidade se apresentou. Descobriu haver vida nova, dentro e fora. E, na manhã que raiava, entendeu que, talvez, fosse aquela uma boa hora para se despedir do seu passado, daquilo que lhe pesou o peito e lhe feriu a alma. Sem lágrimas nos olhos, mas sorrindo o amanhã. Continuar lendo “Fênix”
Otimista
Ela sempre teve uma fé inabalável. Sempre acreditou em Deus, mais do que, muitas vezes ele pareceu acreditar nela. Ela sempre sonhou, mesmo acordada. Sorria, mesmo na dor. Estendia os braços tentando alcançar as estrelas, ainda que estivessem sempre tão distantes. Continuar lendo “Otimista”
Queimando por dentro
Jogado no sofá, copo de uísque na mão. A sua volta o caos: livros revirados, folhas soltas, cds pelo chão. As roupas da semana se acumulavam no canto da sala. No rádio, um cantor fanhoso falava qualquer coisa sobre mosaicos abstratos, sonhos em estilhaços erro e dor. Desligou o som, sacudiu a cabeça e suspirou fundo. Um gole. Mais uma dose.
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Depois do fim
O dia nasceu e passou até que o sol se pusesse. Naquele instante a cidade dormia. No reflexo da noite, via suas olheiras profundas, mais uma das marcas que ele havia lhe deixado.
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Perdida
Tomou coragem e mudou-se. Assim, de repente. Sem aviso ou despedida. Quando se deu conta, as malas estavam prontas. Guardou nos bolsos os sonhos mais preciosos. Não eram tão grandes, afinal. Continuar lendo “Perdida”
Crônica do Desencontro
Ela andava distraída. Ele procurava uma direção. Ela tropeçou. Ele riu sem jeito. Ela notou os olhinhos apertados. Ele, os seios no decote. Ela se apaixonou. Ele desejou seu corpo. Ela quis lhe entregar a alma. Ele apertou o corpo contra o dela. Continuar lendo “Crônica do Desencontro”